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Urano em discurso directo

É curioso quando vejo classificar os deuses olímpicos com determinados adjectivos. A Plutão chamam-lhe
o "invisível". A Neptuno chamam-lhe o "dissimulador".
E eu, Urano, sou chamado de o "imprevisível".
Dizem os Hinos Órficos que sou filho de Nix, a deusa
da noite, e em certas versões não tenho pai, porque tanto eu como minha mãe surgimos do caos primordial, o início de todos os inícios. Eu sou o Pai Céu e tenho Gaia como esposa, a Mãe Terra, a nascida da Luz, embora na fase actual não pareça que assim tenha sido.

Eu começo uma linhagem de deuses e deusas que têm feito história em uma "novela" cujo número de capítulos parece não ter fim. E os incessantes capítulos desta "novela" são para vocês, humanos, as tentativas que fazem para conseguirem entrar em sintonia com
a minha vibração, porque no fundo sentem que sou
eu que lhes posso abrir as portas para outras dimensões da existência. O difícil é descobrirem a "palavra passe" para chegarem às minhas vibrações de uma maneira positiva. Porque a maioria de vocês esbarra em mim
da pior maneira, sofrendo os efeitos através do desconforto de terem de passar por roturas e surpresas inesperadas. E isto é apenas um exemplo. Mas quando se trata da tentativa de entrar em sintonia com as minhas altas vibrações, neste ponto temos um sério problema do qual vocês não escapam. Passo a explicar. De entre muitos outros filhos, eu, Urano, tive um chamado Cronos, pois era assim que os gregos lhe chamavam. Porém, os romanos resolveram mudar-lhe
o nome para Saturno. Então este meu filho em parceria com a sua mãe (Gaia), ambos foram os protagonistas
de um acontecimento que iria redefinir a vossa história como almas em peregrinação pelo planeta Terra. Dos muitos filhos que tive com Gaia, acontece que eu não queria que nenhum deles visse a luz do dia. Afinal a nossa linhagem vinha da deusa da noite (Nix). Existem diferentes histórias sobre estes acontecimentos.
Mas vamos simplificar para chegarmos ao que interessa. Como Gaia, a mãe de Saturno, não estava satisfeita pelo facto de eu, Urano, enviar todos os nossos filhos para
a escuridão, então Gaia e Saturno uniram-se numa estratégia para libertar os irmãos deste da escuridão. Gaia concebeu uma foice de lâmina larga, e com esse instrumento o meu filho Saturno castrou-me. O meu filho castrou-me!?... Então isto faz-se ao seu próprio pai? Olhem que nesta história o acontecimento deu-se
de forma literal. Mas não se preocupem no que toca
à vossa realidade. O meu filho Saturno é muito “refinado”. Ele tem inúmeras maneiras bem sofisticadas para vos castrar, mas não da forma literal como fez comigo. A sério. Não se preocupem com esta parte, quero dizer, com essas "partes", as vossas, quem literalmente as tiver. E por favor não se iludam. Porque embora as vossas mulheres não tenham essas "partes" num sentido literal, mas têm-nas num sentido psicológico. Por conseguinte, as vossas mulheres também podem ser castradas. Compreendem o que eu, Urano, quero dizer? Continuando, fui assim destronado e retirado da posição de poder, que passou a ser transferida para meu filho Saturno, tornando-se ele desta maneira o líder dos Titãs (gigantes). No entanto, mal sabia o meu filho Saturno a sorte que o esperava. Mas isto são outras histórias. Então o meu filho Saturno, passando a ser ele o "Grande Chefe", à semelhança
da minha anterior condição, passou ele também a sofrer do medo de ser destronado por algum dos seus próprios filhos. O padrão do medo repetiu-se, tal como está sempre a acontecer com vocês, humanos, que "adoram" repetir padrões geração após geração, arrastando formatos no tempo em total escravidão.
E ainda dizem vocês que a escravatura já acabou.
Num determinado sentido, um certo tipo de escravatura já terminou. Mas existem muitos outros tipos de escravatura. E esses outros tipos de escravatura que existem são tão perigosos como os anteriores, porque são mais subtis. E por serem subtis passam despercebidos para a maioria de vocês. E assim vão deixando as suas marcas arrastadas no tempo. Mas isto também são outras histórias. O meu filho Saturno já requisitou uma página deste site para vos contar um pouco destas outras histórias. A seu tempo ele o fará. Afinal não é ele Saturno (Cronos, cronologia) o deus do tempo? Mas deixemos esta questão e vamos ver no que é que a minha presença tem como influência nas vossas vidas. Provavelmente, intrigados, pensarão vocês...

 

Porque é que será que este fulano (Urano)
nos está a contar tudo isto?

 

​Não se preocupem. Eu explico. E para começar
a explicação aviso já que estou sempre presente junto de vocês, humanos, do princípio ao fim da vossa vida, num ciclo completo de cerca de 84/86 anos, para aqueles de vocês que conseguirem chegar a esta idade. E não pensem que esta minha insistência presencial
na vossa vida é apenas uma trama que eu montei para vos fazer uma "perseguição sem sentido". Não! Seguramente que não se trata de algo do género,
se é que se pode dizer que vocês comigo estão de algum modo seguros. Afinal, e já que me chamam "O Imprevisível", vou fazer justiça à classificação recebida. Acham bem? Ou será isto demasiado inconveniente para vocês? Mas perdoem-me lá esta, porque sou eu que decido sobre as vossas conveniências ou inconveniências. Acho que há um título de um filme
que se ajusta muito bem com a minha performance no palco terrestre, e que é "O Monte dos Vendavais". Mas fixem-se apenas no que este título sugere, nada mais.
E por aqui já podem tirar algumas conclusões sobre
o significado de estarem, ou não, muito seguros comigo. Mas adiante. Por tudo o já mencionado nas linhas anteriores, já viram que “agitação, vendavais
e tempestades repentinas”, este é o meu departamento. E com uma “meteorologia” desta natureza, também podem calcular que eu também
sou mestre a empurrar aqueles de vocês que sofrem de uma moléstia chamada INDECISÃO. Por conseguinte, quando “vejo” um casamento já obsoleto, em que os participantes se tornaram incapazes de mudar o que quer que seja para melhorar a qualidade de suas vidas, tenho maneiras muito criativas para acabar com aquela

farsa a que eles teimosamente ainda continuam a chamar de “relacionamento amoroso” ou “casamento”. Querem que vos exponha o exemplo de um caso real? Pois bem! Aqui vai – “Certo dia e num tempo em
que dois humanos tropeçaram um no outro e ficaram olhando um para o outro com aquela carinha que já sabemos qual é, resolvendo deixarem-se cair nos braços um do outro e tudo o mais que vem a seguir por consequência, começaram ali uma nova etapa de suas vidas porém sem fazerem a mínima ideia do que verdadeiramente estavam ali a começar. Com o tempo passando e o fogo do início esfriando, estas duas almas começam inconscientemente a deixar transparecer
a verdadeira natureza de sua maneira de estar na vida, em resultado dos seus possíveis traumas do passado
(se existirem), pelo menos padrões instalados na infância, hábitos adquiridos, tendências na maneira de pensar
e compreender o que os rodeia, etc, etc, etc,”. Nesta nova e real verdadeira interação começam também
a deparar-se com as surpreendentes exigências que
um relacionamento amoroso envolve, que é a aprendizagem do sentido de cooperação entre ambos,
a condescendência no exercício das suas vontades, que significa aprender a fazer cedências sem ficarem resíduos de sentimentos de diminuição, e a testarem o quanto são capazes de evitar imporem demasiadas exigências mútuas como garantia da segurança emocional
e afectiva de ambos, ou mais fortemente de apenas
um deles. Caso não consigam ir-se reajustando de forma a manter o equilíbrio no relacionamento ao longo do tempo, chega um dado momento em que para aquelas duas almas o que apenas sobrou foi uma batalha campal, uma intensa luta de egos, em que cada um procura “vencer” e manipular o outro. Eu, Urano, adoro casos destes. Porque em certas fases da vida de almas com este tipo de comportamento, chego eu em viagem pelos mapas de nascimento dos intervenientes, “encosto-me” (conjunção) à Lua, que representa
a procura de conforto e alimento emocional, ou à Vénus, que representa o sentido de valores estabelecendo as prioridades da pessoa, e lanço uma onda de insatisfação que se vai tornando insuportável. Então uma destas duas almas rompe o relacionamento, ou uma delas envolve-se em um relacionamento com outra pessoa, por vezes escondendo o que possa estar a fazer. Mas mais sofisticado ainda é quando a alma que se sente mais insatisfeita, porém carregando uma baixíssima auto-estima, e por isso incapaz de tomar uma atitude para resolver a situação, projecta o seu intenso desconforto na outra alma, levando-a a fazer o que a alma mais insatisfeita e de baixa autoestima desejaria fazer…
mas não tem a coragem suficiente. Chama-se a isto
o "mecanismo da projecção". E é em casos como este que eu sou conhecido como “O Imprevisível”, porque
o que parecia arrastar-se no tempo e sem solução
de repente “vira tudo do avesso”. E eu, Urano, quando chega o momento de intervir sou como aqueles cães que abocanham a perna das calças de alguém não
a largando, e obrigo a pessoa a gestos inventivos
de criatividade para alterar e resolver a situação.
A sacudidela que estas almas levam, pelo menos uma delas, é de tal ordem, que as conduzem a tomar atitudes que mais parecem de "insanidade". Mas é por vezes com impulsos desta natureza que "o mundo pula e avança". Em sentido figurativo mas muito real no mundo dos humanos, esta é a eterna guerra entre eu, Urano,
e o meu filho Saturno. Este meu filho por vezes procura arrastar no tempo uma estrutura já cheia de "teias
de aranha e a cheirar a mofo", completamente obsoleta. E eu, Urano, o também "revolucionário", não tolero tais situações, estejam elas relacionadas com a vida pessoal de alguns humanos, uma estrutura empresarial, institucional ou de qualquer outra ordem. Se é para fazer mudanças ali estou eu, Urano, sacudindo o que for preciso sacudir até cair, para ficar na condição de poder ser renovado. Vocês, humanos, sentem-se inseguros
com Neptuno, aterrorizados com Plutão, frustrados com o meu filho Saturno, então eu, Urano, sou para vocês
o caminho para a liberdade. Mas cuidado com
a "liberdade". Porque muitos de vocês uma vez libertos, não sabendo o que fazer com essa nova condição, acabam por se tornar libertinos. Então lá vamos nós outra vez começando tudo do princípio, com vocês
a repetirem os processos numa nova tentativa. E vocês gastam vidas e vidas por estes caminhos tortuosos, "lançando pedras" tornando-os ainda mais tortuosos, em vez de os alisarem com mais ampla capacidade
de entendimento. É o vosso processo e o vosso Karma, não o meu.

Dei-vos aqui apenas um exemplo, mas as minhas possibilidades e maneiras de intervenção nas vossas vidas são imensas, quer ao nível da vossa vida física,
quer ao nível das vossas tentativas (quando as há)
para entrarem em contacto com outras dimensões
da existência. Há uma frase atribuída a Jesus, o Cristo, em que Ele terá dito que "Ninguém vai ao Pai senão através de Mim!"E eu, Urano, digo, que ninguém chega verdadeiramente a mim sem passar pelas dores do Kíron. Mas isto são também outras grandes histórias
a contar aqui em páginas deste site, num futuro que ainda não sei qual será. Por agora fico-me por aqui, avisando que posso estar a fazer-vos uma surpresa em alguma "esquina da vossa vida", em fase que só quem aprendeu a ler o seu mapa de nascimento é que saberá.

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Urano e a dança das estrelas, de Karl Friedrich Schinkel

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Saramago, Janeiro 2023

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