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O simbolismo das Casas Astrológicas

Se os signos mostram as 12 qualidades do ser e os planetas a dimensão das motivações, as casas informam onde essas qualidades e motivações estão a operar. E para serem entendidas não devem ser consideradas em separado. Elas são somente sectores ou partes de uma unidade e representam as várias etapas de desenvolvimento de um ser humano no horóscopo individual. O signo e planetas localizados numa casa específica vão dar um significado especial a essa casa. Este é um assunto vasto e difícil
de resumir em tão pouco espaço. No entanto, e dentro do que é possível, as linhas que se seguem mostram em termos-base quais as áreas da vida onde os acontecimentos se desenrolam.

CASA: é o Ascendente. Representa todos os comportamentos que aprendemos dos nossos pais e as condicionantes da infância. Mais tarde na vida, cada vez que começarmos algo de novo será influenciado por essas condicionantes.
Com essas experiências vamos construindo interiormente a imagem tal como a iremos apresentar ao outros. Se essa imagem for por nós avaliada como pobre, será exactamente desse modo que os outros irão vê-la. Podemos dizer que a primeira casa é o resultado do relacionamento entre o Sol e a Lua. Para uma criança na primeira infância o Sol representa o pai e a Lua a mãe. Ela irá absorver as vibrações resultantes do relacionamento entre estas duas imagens arquetípicas que irão ser a substância da sua própria imagem. Será esse o produto
que projectará no mundo exterior. O signo posicionado no Ascendente, planetas e seus aspectos angulares irão informar sobre os conflitos e harmonias que essa imagem provocará no outros. Neste sector, constrói-se
a imagem do “ser”. O planeta regente da casa I é o planeta Marte.

CASA: está relacionada com os recursos pessoais e valores interiores, e a maneira como os gerimos irá resultar nos recursos e valores exteriores. Tudo está de acordo em como valorizamos e utilizamos as coisas. Muitas pessoas não entendem por que é que o dinheiro lhes escapa das mãos, e outros dizem mesmo que é mau e por isso nefasto para os assuntos do espírito. Mas é apenas um valor de troca, e o modo como se manipula é que faz dele bom ou mau. Vivemos no plano da matéria e isso faz-nos depender de três tipos de alimento: espiritual, psicológico e substancial. Basta um deles falhar em algum nível para desequilibrar o processo. Podemos cuidar e apreciar os bens materiais sem estarmos apegados a eles. O corpo que temos também é uma posse. E a relação que
se estabelece com ele, aceitando-o ou não, irá determinar o grau de segurança ou insegurança sensível à auto-imagem. Esta casa refere-se
ao que desejamos para nos sentirmos seguros. O planeta regente da casa II é Vénus.

CASA: numa época em que a comunicação,
ao nível em que a conhecemos, viaja já por
todo o planeta e não se limitando a pequenos núcleos. Mais do que em outros tempos,
temos hoje a oportunidade de testar a todo
o momento a nossa capacidade de entender
o ambiente e de nos fazermos entender.
A anterior casa II refere-se ao que tiramos
do ambiente e ao modo como o utilizamos.
Mas na casa III é preciso compreender o que devemos e não devemos tirar do ambiente.
Por exemplo, o planeta Júpiter na casa III faz com que a pessoa tenha necessidade de aprender e a ter experiências interessantes
na comunicação com os outros. Por outro lado,
o signo de Escorpião aqui posicionado pode fazê-lo sarcástico e reservado afugentado os outros, ou pode dar-lhe a capacidade de comunicar a níveis mais profundos. A memória que guardamos das coisas e acontecimentos está na proporção do valor que lhe atribuímos através da casa III. Os irmãos e vizinhos
também fazem parte deste sector.
O planeta regente da casa III é Mercúrio.

CASA: também chamada de Fundo do Céu,
à casa IV estão-lhe atribuídos o lar, as raízes
do ser, a família, o progenitor menos influente, as bases psicológicas para a conquista de
uma identidade que irá expressar-se através da casa V, o princípio e o fim da vida, assim como
o refúgio onde retornamos em cada dia para recobrarmos as forças. A família da qual nascemos e a atmosfera que sentíamos desse
lar é também descrito por esta casa. Exemplo:
se o signo de Aquário estiver posicionado na casa IV por certo o ambiente do lar será algo instável e com mudanças frequentes. E mesmo que a mãe satisfaça as necessidades do lar, irá desejar frequentemente estar afastada dele
para fazer outra coisa para ela mais excitante.
Se for o planeta Saturno que neste sector estiver posicionado, as responsabilidades familiares terão algum peso na vida da pessoa.
A casa IV mostra também como tendemos
a terminar o que começamos. O planeta que rege esta casa é a Lua.

CASA: mostra a maneira como as pessoas agradam ou não aos outros. Na medida em
que ela representa o cônjugue, o casamento,
as associações e parcerias em negócios ou contratos, os inimigos declarados e, em suma,
o outro ou outros, através deste sector podemos medir que tipo de pessoas temos tendência
a atraír. Sendo a casa I associada ao signo
de Carneiro e ao sentido do “ser”, aqui
iremos testar e desenvolver a capacidade
de cooperação. A necessidade de agir
encontra-se inevitavelmente na necessidade
de relacionamento com o social num jogo
de imagem/espelho que nos mostra a repetição de velhos padrões de comportamento nos quais levamos sempre alguma parte da vida para reconhecer, quando chegamos a reconhecer. Muitos dos que através deste sector da vida ultrapassam os limites de um mundo meramente subjectivo acabam por se tornar consultores
ou conselheiros. Assim como na casa II,
o planeta que rege a casa VII é Vénus.

CASA: está associada ao sexo, paixões, crises
e sobrevivência, morte e regeneração, ocultismo, heranças e testamentos, recursos e dinheiro
dos outros, e conquista de poder como meio
de segurança emocional. Nesta casa podemos ver o que nos vem ou não vem parar às mãos
em termos de heranças, e ler as nossas atitudes relativas aos bens do casamento e do trabalho. Como exemplo, quando se fala em heranças há a tendência para pensar em questões materiais. Mas por vezes os legados de família prendem-se com valores de outra ordem. Mercúrio em peixes na casa VIII pode simplesmente relacionar-se com um testamento de conhecimento resultante de experiências ao nível da psicologia,
ocultismo ou espiritualidade. A “morte”
é também outra preocupação humana.
A crucificação e ressurreição de Jesus são um grande ensinamento de que após algo terminar, começa imediatamente outra forma de vida.
O planeta regente da casa VIII é Plutão.

CASA: após a travessia das águas turbulentas

da 8ª casa e trazendo na bagagem muita experiência acumulada, estamos prontos para começar à procura de um outro tipo de Verdade. Assim, a casa IX está relacionada com
o conhecimento superior, as leis, as ideias abstractas, a busca da identidade face a um contexto global, a ideia que temos do mundo, Deus, Fé e religião. São também as grandes viagens do corpo ou do espírito. Em suma,
a expansão da consciência. A busca da Verdade é multifacetada e cheia de armadilhas. Um ser humano simples e aparentemente insignificante pode não estar assim tão longe dessa Verdade. Encontrar um significado para a vida e definir
as linhas que constituem o propósito da existência pessoal, por vezes consegue-se através de coisas aparentemente banais.
Touro na casa IX pode contentar-se em encontrar Deus no trabalho com a terra. Na casa IX abrimos os nossos horizontes andando pelo mundo em viagens de longa distância, ou simplesmente expandimos esses horizontes internamente através de uma acitividade modesta. O planeta regente da casa IX é Júpiter.

10ª

CASA: também chamada de Meio-do-Céu,

esta casa é um dos principais ângulos do mapa astrológico. Sendo o sector mais elevado significa a situação social, a imagem pública,
a carreira profissional, a ambição, o sucesso,
a área em que nos soltamos das amarras da família, o progenitor mais influente e a maneira com reagimos às questões ligadas com
a autoridade. Significa também o modo em como os outros nos admiram, nos elogiam
e nos respeitam, influenciando o tipo de sucesso e realizações alcançadas. É também onde somos classificados pelo tipo de acções que estamos empreendendo. Quem é que não gosta de ser reconhecido, lembrado ou admirado, nem que seja por alguma modesta contribuição que
tenha desempenhado? Lidar com a autoridade também pode constituir um problema, e a imagem do progenitor modelo vai determinar como no futuro iremos lidar com os símbolos
de poder. Raivas e feridas do passado podem conduzir a atitudes de irreverência, tornando confusas as razões pelas quais nos tentamos afirmar perante a autoridade. O planeta regente da casa X é o "temido" Saturno.

CASA: é tradicionalmente conhecida como
a “casa dos filhos”, romance (flirts), prazeres, jogos, especulações, a capacidade de assumir riscos, criatividade e auto-expressão. O verbo “ser” (da casa I) tem neste sector necessidade de se expressar, afirmando-se e firmando a noção de “eu”. E a coragem com que esse “eu” vive os riscos que a vida tem, indica o senso de segurança interior que traz dentro de si próprio. Uns vão à procura dessa noção arriscando de uma forma insensata. Outros, de um modo mais pacífico, escolhem uma expressão artística qualquer, por mais simples que seja, para criar algo que lhes dê a sensação de continuidade de si mesmos. E o ter filhos não é mais do que a mesma velha questão de perpetuar o “ser”, resultando muitas vezes em crises de identidade através dos conflitos de geração. Um caso amoroso, não importando a harmonia ou desarmonia com que é vivido, acaba sempre por nos devolver a nós próprios desafiando a noção de valor do “eu”. É a relação da obra como extensão de quem a criou, projectando-se nessa obra. O “planeta” regente da casa V é o Sol.

11ª

CASA: está associada ao trabalho quotidiano

e obrigatório, à disciplina como meio de aperfeiçoamento na execução das tarefas diárias, aos subalternos, ao serviço, aos animais de estimação, aos cuidados com o corpo,
à medicina e à saúde. Se na casa III adquirimos conhecimento interpretando o ambiente,
na casa VI o conhecimento trava-se ao nível
da prática com os deveres do dia-a-dia, aprendendo a compreender e a aceitar
as limitações que a vida material impõe.
E o modo como aceitamos estas condicionantes influencia na qualidade do nosso estado de saúde. Resistir penosamente às rotinas diárias, necessárias para mantermos em boa ordem
o corpo e o espírito, põe em marcha o mecanismo psicossomático de auto-sabotagem. As experiências quotidianas ajudam-nos
a adquirir humildade e a tornarmos responsáveis pela boa ordem à nossa volta, assim como pelos cuidados com o corpo, veículo que nos foi concedido como meio de expressão da Verdadeira Natureza Espiritual que nós somos. Entretanto, alimentar persistentemente
a sensação penosa do fardo das pressões
e deveres diários acarretando pensamentos negativos, esta atitude em nada contribui
a favor do propósito de aprendizagem
de nos servirmos a nós mesmos e aos outros,
tornando-nos úteis. Assim como na casa III,
o planeta que rege a casa VI é Mercúrio.

12ª
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CASA: sendo a última das casas ligadas à

busca de segurança, tem a ver com os grupos,
as amizades, a segurança e proteção social, as esperanças, as ideias e objectivos partilhados.
E num ideal mais elevado é o desenvolvimento da consciência de que as fronteiras existem por uma organização económica e política, mas
esse o conceito não ser limitativo ao ponto de levar a atitudes de exclusão. Afinal habitamos todos o mesmo planeta. Estando esta casa associada ao signo de Aquário, tem para nós nesta época um significado muito especial,
na medida em que dizemos que estamos nos tempos de passagem da Era de Peixes
para a Era de Aquário, ciclo dentro do qual
a Humanidade irá viver por cerca de 2160 anos.
Na casa XI experimentamos a nova sensação
de que os nacionalismos exacerbados já
não são viáveis, porque a necessidade
de nos distinguirmos dos outros (experiência
começada na casa V)
encontra na casa XI
a oportunidade de se integrar numa família
mais ampla, em que o planeta Terra é o abrigo
e a casa de toda a Humanidade. Neste sector aprendemos o que é a consciência social.
O planeta regente da casa XI é Urano.

CASA: esta casa representa as influências

que estão para além do nosso controle. Saudades de retorno à "Verdadeira Morada"? De um modo inconsciente todos as temos, mesmo que o sistema cultural da sociedade
em que nascemos nos tenham influenciado
a esquecer esta origem. O "ego" separatista
da personalidade está sempre a ludibriar esquemas para ver satisfeitas as suas exigências. No entanto, esta faceta da natureza humana sempre esbarra nas suas tentativas de fuga
e desmedida necessidade egocêntrica de afirmação pessoal, caindo muitas vezes no
que procura evitar - a sensação de isolamento, embora acompanhado. Possuir poder e prestígio, amar com a garantia de ser amado, estes são mecanismos muitas vezes usados para a pessoa fugir dela mesma. E quando o vazio interno se instala a um nível já insuportável tomando conta da pessoa, então ficam abertas as possibilidades para o suicídio, ou a tentativa de busca de satisfação fácil nos paraísos artificiais através do álcool e das drogas.
Os caminhos erráticos são a escolha daquelas pessoas desligadas de um sentido de união consigo mesmos e com os outros, alheados
da noção de uma Ordem Cósmica que os transcende e contra a qual não é possível lutar. O que evocamos será que iremos atrair. Por tudo isto, a casa XII representa tudo aquilo que não
é óbvio e palpável, as más ou boas influências das correntes do inconsciente colectivo, e as más ou boas influências dos planos do astral.
Por estes motivos a casa XII representa os hospitais, as prisões, as instituições mentais,
e todo o tipo de confinamento em resultado
do karma pessoal e colectivo. O planeta regente da casa XII é Neptuno.

Saramago, Novembro 2022

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